Ipea reduz estimativa de inflação em 2022, medida pelo IPCA, de 6,6% para 5,7%
Data | 3/10/2022
Fonte: Assessoria de Comunicação IPEA
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quinta-feira (29/09), a previsão atualizada para a inflação brasileira em 2022. A variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 6,6% para 5,7%, enquanto a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) recuou de 6,3% para 6,0%, conforme as tabelas abaixo:
Diferentemente do que vem ocorrendo em grande parte dos países, nos últimos três meses, a inflação brasileira surpreendeu favoravelmente, beneficiada, sobretudo, pela melhora no comportamento dos preços administrados. Após alta registrada de 11,7%, no acumulado em 12 meses, em maio, a inflação medida pelo IPCA recuou para 8,7% em agosto. A variação apontada pelo IPCA até agosto, de 4,4%, reflete, em grande parte, a queda de 4,0% dos preços administrados, especialmente da energia elétrica (-20,5%) e da gasolina (-19,3%).
Já em relação aos preços livres, apesar de os dados apresentarem desaceleração na margem, os alimentos no domicílio continuam a ser o principal fator de pressão sobre a inflação ao longo do ano. A alta acumulada de 11,8% para esse grupo entre janeiro e agosto reflete os expressivos aumentos dos leites e derivados (40,2%) e dos panificados (16,9%). Ainda que em menor intensidade, os aumentos de 7,3% dos bens industriais e de 5,8% dos serviços livres, no período, também contribuíram para evitar uma desaceleração ainda mais forte do IPCA.
Dessa forma, a estimativa do Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea para o IPCA em 2022 caiu dos 6,6% divulgados em 30 de junho para 5,7%. No caso dos preços administrados, a projeção atual de deflação de 4,2%, em comparação à alta de 1,1% prevista anteriormente, reflete quedas mais acentuadas dos combustíveis, do gás e da energia. Em relação aos bens industriais, a expectativa de inflação recuou de 9,1% para 8,7%, beneficiada pela redução nos custos de produção.
Por sua vez, as projeções de inflação para os alimentos no domicílio e para os serviços foram elevadas, avançando de 12,3% e 6,9% para 13,2% e 7,6%, respectivamente. No caso dos alimentos no domicílio, a aceleração prevista é decorrente dos expressivos reajustes dos leites e panificados, ocorridos em junho e julho, que não devem ser compensados, mesmo diante da previsão de queda nos próximos meses, conforme já verificado no IPCA-15 de setembro. Já para os serviços, o aumento da projeção é resultante de uma alta mais forte que a esperada, no trimestre anterior, além dos efeitos da manutenção da demanda, decorrentes do forte crescimento da massa salarial.
Em relação ao INPC, há expectativa de redução ainda mais acentuada dos preços administrados, passando de -0,9% para -3,9% neste ano. Ainda que em menor intensidade, a inflação esperada para os bens industriais também foi reduzida – alta de 8,3%, ante taxa de 8,9% projetada anteriormente. Há, porém, uma previsão maior para a inflação dos alimentos e dos serviços livres, cujas taxas de variação projetadas avançaram de 12,6% e 6,6% para 13,8% e 7,2%, respectivamente.
Em relação às perspectivas para 2023, as projeções foram mantidas em 4,7%, tanto para o IPCA, quanto para o INPC. Mesmo diante do aumento do risco cambial, oriundo do aperto monetário internacional, o cenário mais favorável – de estabilidade ou queda de preços - para as commodities no mercado internacional e a normalização das cadeias produtivas devem impedir altas mais expressivas dos preços dos bens industriais. Além disso, a projeção de uma safra recorde de grãos e a baixa probabilidade de eventos climáticos adversos devem proporcionar uma alta mais moderada dos alimentos em 2023.