Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços - IPEA

Data | 19/01/2022

Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços 

NÚMERO 53 — NOTA DE CONJUNTURA 26 — 4 ° TRIMESTRE DE 2021

Após o recuo registrado pelo PIB de -0,1% no terceiro trimestre de 2021, os indicadores mensais de atividade econômica (comércio, indústria e serviços) apresentaram quedas em outubro. Com isso, dois dos principais indicadores que buscam sintetizar a atividade econômica brasileira recuaram no início do quarto trimestre tiveram o seguinte resultado: o Monitor do PIB, da FGV, caiu 0,7%; e o Indicador de Atividade Econômica (IBC-Br), do Banco Central, cedeu 0,4%.1 Essa piora no ritmo da atividade nos últimos meses aconteceu de maneira bastante disseminada entre os segmentos produtivos. Como reflexo deste quadro, os indicadores que medem os níveis de confiança entre os agentes econômicos apresentaram recuo de modo generalizado. Nossas previsões indicam, no entanto, que os indicadores de novembro devem apresentar crescimento, com exceção do comércio varejista ampliado. Com isso, a previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea é que o Monitor do PIB cresça 0,4% em novembro, o que melhora a perspectiva para o resultado do PIB do quarto trimestre.

A indústria continua enfrentando um cenário desafiador, caracterizado por gargalos pelo lado da oferta e por uma demanda que vem perdendo fôlego. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE, a queda de 0,6% em outubro foi a quinta consecutiva na margem, e a oitava em dez meses. Além da alta do frete (nacional e internacional) e da escassez de matérias-primas, que desorganizam algumas cadeias produtivas e encarecem os insumos, o setor manufatureiro se depara com os efeitos da crise hídrica sobre a capacidade de geração de energia elétrica e o consequente aumento dos custos. Entre os grandes grupos econômicos, enquanto a produção de bens de consumo continua apresentando os piores resultados, a indústria de bens de capital voltou a ser o destaque positivo, tendo como principais demandantes o agronegócio, a construção civil e as indústrias extrativas. Embora o desempenho da produção industrial venha se mostrando fraco ao longo do ano, a demanda por bens industriais tem apresentado um resultado mais favorável. De acordo com o Indicador Ipea de Consumo Aparente de bens industriais, enquanto a demanda registrou crescimento de 8,2% na comparação acumulada em doze meses, a produção industrial, mensurada pela PIM-PF, acumulou um aumento de 5,6% em outubro. Em relação ao mês de novembro, a Dimac/Ipea estima que a produção industrial tenha crescido 0,6% na margem, interrompendo uma sequência de cinco meses de queda. Este resultado deixaria a produção num patamar 3,3% inferior ao observado no mesmo período de 2020.

Já as vendas de bens, medidas na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, recuaram 0,9% na margem em outubro, a terceira queda consecutiva nessa base de comparação. Com esse resultado, o volume de vendas no varejo ampliado recuou para um patamar 2,8% inferior ao nível pré-pandemia – medido em fevereiro de 2020. De fato, após a rápida recuperação em relação ao tombo ocorrido em abril do ano passado, as vendas têm apresentado desempenho modesto, com uma taxa média de crescimento mensal de -0,2% entre os meses de setembro de 2020 e outubro último. Embora o mercado de trabalho venha se recuperando, o orçamento das famílias segue pressionado pela inflação e pelo encarecimento do crédito. Entre os fatores positivos, num contexto onde os níveis de inadimplência têm se mantido estáveis, os programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, podem dar algum fôlego ao consumo. Nossas previsões apontam uma queda de 0,7% para o resultado do comércio varejista (conceito ampliado) em novembro, na série sem efeitos sazonais. Já as vendas no varejo restrito devem avançar 0,3%, na mesma base de comparação.

O setor de serviços, por fim, também apresentou acomodação nos últimos meses. Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, o setor recuou 1,2% em outubro, na série livre de efeitos sazonais. O resultado representou a segunda variação negativa consecutiva nesta base de comparação. Entre os segmentos, o de serviços prestados às famílias foi o único a registrar crescimento na margem, com alta de 2,7%. Esta atividade, na qual a interação presencial é mais necessária, segue sendo estimulada pela melhora nos índices de mobilidade urbana. Esse efeito deve persistir nos próximos meses, embora a inflação de serviços também já apresente aceleração. Para novembro, a Dimac/Ipea projeta altas de 0,4% na série com ajuste sazonal, e de 7,5% na comparação interanual. O destaque positivo novamente fica por conta do segmento de serviços prestados às famílias, com avanço previsto de 1,1% na margem.

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Fonte: IPEA