Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços - IPEA

Data | 5/10/2021

Os indicadores setoriais mensais de atividade econômica sinalizam a continuidade da recuperação da economia brasileira no início do terceiro trimestre. De modo geral, o significativo avanço de vacinação contra a Covid-19 tem permitido que os níveis de mobilidade urbana se aproximem da normalidade. Com isso, as atividades cuja interação presencial é mais necessária, notadamente alguns segmentos do setor de serviços, seguem apresentando um ritmo de crescimento mais acelerado. O aumento de 1,1% em julho dos serviços na comparação com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), foi a décima terceira variação positiva em quatorze meses.

Em relação ao mês de agosto, a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea projeta uma desaceleração na margem, com avanço de 0,1% na comparação com julho (com ajuste sazonal). O destaque positivo é o crescimento previsto de 5,9% para os serviços prestados às famílias – segmento mais atingido pelos efeitos negativos da pandemia. Por sua vez, na comparação interanual, esperamos uma alta de 15,7% sobre agosto de 2020. Em relação ao comércio, em julho, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) indicou avanço de 1,1% na margem, a terceira alta em quatro meses. Apesar desse bom desempenho, o cenário para o setor tem apresentado alguma deterioração. Embora o mercado de trabalho venha se recuperando, com o aumento da ocupação, o orçamento das famílias vem sendo pressionado pela elevação de preços. Além disso, com a normalização das atividades no setor de serviços, é provável que uma parcela da renda que vinha sendo gasta com a aquisição de bens volte a ser direcionada aos serviços. Nossas previsões apontam uma queda de 1,1% para o resultado do comércio varejista (conceito ampliado) em agosto, na série sem efeitos sazonais, e uma alta de 2% na comparação interanual. Parte dessa queda é explicada pelo mau desempenho das vendas de automóveis, com perda estimada de 2% sobre o mês de julho – segmento que vem sendo afetado por restrições de oferta em virtude de problemas na cadeia produtiva.

A indústria, por sua vez, enfrenta um cenário mais adverso neste ano. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda de 1,3% em julho foi a segunda consecutiva na margem, e a quinta variação negativa em seis meses. Além da escassez internacional de matérias-primas, o setor manufatureiro se depara com os efeitos da pior crise hídrica dos últimos noventa anos sobre a capacidade de geração de energia elétrica, que contribuem para o aumento dos custos de produção. Com relação ao cenário externo, a retirada de estímulos econômicos na China tem impactado negativamente o preço de algumas commodities importantes para o Brasil, como é o caso do minério de ferro. Por fim, o recente aumento do custo do frete para as importações tem sido mais um entrave para o desempenho do setor industrial. Entre os grandes grupos econômicos, enquanto a produção de bens de consumo apresenta os piores resultados, a indústria de bens de capital tem sido o destaque positivo, estimulada pela demanda proveniente do agronegócio e da construção civil. A Dimac estima que a produção industrial de agosto tenha avançado 0,6% na comparação sem efeitos sazonais, e 1,2% sobre o mesmo período de 2020.

 

Fonte: IPEA

COMPLETO: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/210930_nota_32_atividade_economica_indicadores_mensais.pdf